
A PSICOLOGIA DA MÚSICA: CONEXÕES
A Psicologia da Música é um campo interdisciplinar que investiga de que forma a música influencia a cognição, as emoções e o comportamento humano. Esta área de estudo integra diversas abordagens psicológicas e científicas, explorando desde os processos neurocognitivos envolvidos na percepção musical até os efeitos terapêuticos e emocionais da música.
Cognição e Música
Uma das principais áreas de estudo é a relação entre música e cognição. As Ciências Cognitivas demonstram que a experiência musical não se limita à simples audição, mas envolve um complexo processo de percepção, memória e interpretação simbólica. Modelos cognitivistas e conexionistas analisam como a mente humana interpreta a música, associando sons a emoções, lembranças e estruturas cognitivas.
Sloboda (2008) observa que a cognição musical é uma área interdisciplinar que não apenas se baseia na psicologia, mas também se alimenta de campos como a linguística, a computação e a filosofia.
Experiência Estética e Identidade
Outro aspecto relevante é a relação entre música e experiência estética. O conceito de aisthesis, de origem grega, refere-se à percepção sensível e à vivência emocional que a música provoca. O filósofo Couchot (2018) destaca que, embora a experiência estética esteja se tornando cada vez mais rara devido ao ritmo acelerado da vida moderna, ela ainda desempenha um papel crucial na construção da identidade e no bem-estar emocional dos indivíduos.
Musicoterapia e Psicologia
No campo da musicoterapia, a música é utilizada para promover o bem-estar emocional e o desenvolvimento cognitivo de indivíduos com diversos tipos de dificuldades ou transtornos.
A música, sendo polissêmica, adquire diferentes significados dependendo da vivência de cada pessoa. No contexto terapêutico, ela pode ser usada como uma linguagem para pacientes com dificuldades de comunicação, como ocorre com indivíduos psicóticos, por exemplo. Nesses casos, a escuta ativa do musicoterapeuta torna-se fundamental, pois a atribuição de significado à música é um processo subjetivo e dinâmico, que varia conforme a experiência pessoal do paciente.
Acrescenta-se ainda que, a psicologia tem grande influência na prática musicoterapêutica. Even Ruud (1990) aponta que correntes como a psicanálise, o behaviorismo e a abordagem humanista-existencial ajudaram a moldar a musicoterapia. Essas abordagens teóricas oferecem ferramentas valiosas para compreender como a música pode impactar o comportamento, facilitar a expressão emocional e servir como uma poderosa ferramenta terapêutica em diferentes contextos.
Considerações Finais
Por fim, a Psicologia da Música nos mostra que a música vai além do fenômeno artístico, sendo também um meio profundo de comunicação, transformação e interação humana. Seja na educação, na terapia ou na experiência cotidiana, a música continua a ser uma ponte entre emoção, cognição e sociedade.
Referências
COUCHOT, E. A Estética na Era Digital. São Paulo: Editora XYZ, 2018.
RUUD, E. Music Therapy and Identity. Oslo: Norwegian University Press, 1990.
SLOBODA, J. A. The Musical Mind: The Cognitive Psychology of Music. Oxford: Clarendon Press, 2008.
Autora:
Letícia De Abreu Figueiredo - Estudante de Pós-Graduação em Musicoterapia com Ênfase em TEA – UNISE
Mariana Laís Batista - Psicóloga e Coordenadora dos cursos de Pós-Graduação em Musicoterapia
Data de publicação: 02/04/2025
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